terça-feira, 19 de março de 2013


 
 
Alimentação Kasher

  Segundo algumas opiniões judaicas os alimentos impuros têm uma grande interferência sobre o indivíduo na capacidade de cumprir os mandamentos, não trazendo portanto saúde de alma a quem os ingere pelo fato de adquirir as características negativas destes.

Sobre eles na Escritura podemos ver em Lv 11 e Dt 14, 3-21.

No entanto nosso Senhor diz que o que entra no homem- no que diz respeito aos alimentos e regras exageradas de pureza, coisas materiais, alguns frutos de exagero rabínico- não pode influir sobre sua ética, mas o que sai dele- o que nutre no interior e explana externamente...

Muitos cegamente dizem que Nosso Senhor não têm razão e está indo contra a Lei, mas podemos explanar que suas palavras são perfeitas em relação a isso, e que a Lei para os kasherot (alimentos apropriados) tratava-se de medidas de pureza ritual, medidas semíticas que Deus aproveitou para educar o povo para uma realidade maior: a Vida do Messias. É como, por exemplo, ir para a Missa com a estampa de Buda ou Shiva no pescoço:são coisas impuras para o culto... Excetuam-se aqui os alimentos usados nos rituais pagãos, que são oferendas aos demônios coisa veementemente combatida pelo Concílio de Jerusalém (At 15, 29) e por Paulo (I Cor 10,28), coisa provavelmente recomendadas por Jesus antes de subir que não estão descritas nos evangelhos.

Talmude Brachot, sobre isso, afirma: "Farás da tua mesa um altar ao Senhor" (55a), expressando assim que a vida de um judeu, até na sua refeição, é um culto a Deus. Com o cristão, da mesma forma, mas com uma visão plenificada.

As coisas às quais Yeshua se referia eram os alimentos que todo ser humano pode comer, de acordo com as culturas (o que não trazem repugnância a cada cultura, claro), que não eram consagrados aos ídolos e às regras desnecessárias de pureza ritual . Ele foi um judeu fidelíssimo e nunca ensinou aos apóstolos a abstenção dos kasherot...podemos provar isso pelo trecho de Atos:

"Levanta-te Pedro, mata e come. Pedro porém replicou: 'de modo algum, Senhor, pois JAMAIS comi coisa profana ou impura'" (At 10,14), que ecoam nas palavras do próprio Senhor: "até que passem céu e terra, não será omitido nenhum 'yud' uma só cisquinho, Lei sem que tudo seja realizado". (Mt 5,17)-referindo-se à pessoa dele na qual se encontra toda a Lei mosaica sendo cumprida dando a Lei do Espírito à Igreja.

Isso se explica pelo fato de que quando o pecado entrou no mundo, certos animais ficaram com características agressivas-sinal de desequilíbrio- que não vêm do paraíso que Deus, mas do mundo deformado...por exemplo, o Jacaré, considerado um abutre, é um animal extremamente agressivo, tem sede por despedaçar, por sangue, como também a ave de rapina- chama a morte, que veio com o pecado- a ainda por cima rasteja, indicando seu apego à terra. Outro exemplo: o porco, que não rumina...o ato de não ruminar lembra claramente o homem que absorve idéias sem refletir antes...o vai e vem dos alimentos lembra a reflexão do que se entra entre outros.

Claro que Yeshua não se referia a alimentos repugnantes e muito menos aos vindos do culto pagão, mas aos que se comiam nas outras culturas, que eram impróprios mas não traziam nojo.

Quando ele ressuscitou toda essa impureza ritual ficou nula, pois nele está a plenitude do mundo glorificado que há de vir. Então não tem problema hoje em se comer carne de porco, ou de cobra, ou de bichos que voam, pois a Vida de Jesus supera toda a negatividade da natureza deformada pelo pecado. É uma vida infinita, sem esgotamento.Não há problema, por exemplo, em comer um frango ao molho pardo, porque se para a Lei Antiga era desconsideração com a Vida comer carne com sangue (no sangue está a alma, ou seja, tem conotação de alma) porque onde o Mashiach ressurrecto toca tudo é vida, nela as almas voltam gloriosas à Natureza e o cristão é portador da Vida.

Como podemos demonstrar então que os alimentos não tinham influência nenhuma sobre a alma, sobre a ética e o cumprir dos mandamentos?

1. Prova- A das mensagens escriturísticas: O próprio fato de que havia pessoas que cumpriam todos os Mitzvot à risca...mas não tinha o coração conforme os Mitzvot:  "esse povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Is 29, 13). Essa palavra por si só já é suficiente para a questão...entre os Mitzvot estava a Lei do Kashrut...Ora, como os Kashrut tinham efeito sobre o espírito, se mesmo alimentando-se deles, havia pessoas que se comportavam mal? Se foi assim, obviamente não era o propósito da lei para os kashrut influir nas ações, mas de ocupar efeito pedagógico para uma realidade maior, a pureza do Mashiach. Se os Kasherot tivessem um efeito de abrir capacidade para cumprir os mandamentos, não haveria pessoas com o coração tão longe de Deus como disse Yeshayahu.

2. Prova: Está escondida na Torah e na Tradição Judaica...no que diz respeito aos sacrifícios...Ora, para sacrifícios, só podiam ser oferecidos animais Kashrut...Até para confecção de "shôfar" o animal tem que ser usado kasher. Acontece porém que, como vimos, nenhum animal justifica ninguém...isso era percebido desde os tempos mais remotos em Israel: "Pois não são do vosso agrado os sacrifícios, e rejeitais se vos oferto holocausto. Meu sacrifício é minha alma penitente" (Sl 50) até aos filosofais como Maimonides, que afirmava serem os sacrifícios apenas uma concessão de Deus às limitações psicológicas dos indivíduos Israelitas. O descuido desse filósofo foi pensar que o sacrifício cruento não seria essencial para salvação...o que diz Jeremias 33:"não faltará aos levitas homem (ish איש- lá não está ´ish echad´-um homem, mas o sentido é que se trata de uma pessoa- as instituições do povo messiânico) que ofereça sacrifícios, queime ofertas de grãos e o holocausto todos os dias". O Mashiach justifica. Ora, se um animal kasher sacrificado não justifica ninguém, como pode então sua carne ingerida abrir capacidade para cumprir mandamento (se não apaga pecado)?- não tem efeito, a não ser por ser um pedagogo da pureza ritual do Mashiach. Por isso disse o Senhor: " O que entra no homem não pode manchá-lo, mas o que sai dele" então se o que o homem ingere de pureza ritual não o torna puro espiritualmente,também o que ele ingere de impuro ritual não pode torná-lo impuro espiritualmente...era questão só de rito legal.

A conclusão que tiramos aqui é que os Kashrut eram Lei de pureza ritual, pedagógicas como  os outros preceitos de Pureza externa, para que o Israelita através da disciplina de um decoro externo preparasse sua nação a uma pureza maior: a do Mashiach...mas não que tivessem influência sobre a prática do agrado a Deus.

 
Francisco Ferro.

0 comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...